
Numa das minhas palestras, perguntei ao público:
— Alguém aqui já se perguntou qual é o sentido da vida?
Um senhor respondeu rápido:
— Já sim… mas fui fazer café e esqueci da pergunta.
A sala riu — e eu também. Porque às vezes é isso mesmo: a busca por sentido pode parecer distante, difícil… quase filosófica demais para quem está só tentando chegar ao fim do dia com sanidade e boa disposição.
Mas o que a Psicologia Positiva nos mostra é que o sentido e o propósito não estão apenas nas grandes respostas existenciais. Estão nas pequenas escolhas. Nos encontros. Na forma como decidimos contribuir para o mundo — mesmo que o mundo, naquele dia, seja só nosso grupo de trabalho, a família ou o estranho que ajudamos com um sorriso.
Michael Steger, um dos principais investigadores sobre o tema, criou a Meaning in Life Questionnaire (MLQ), que avalia dois aspetos fundamentais: a presença de sentido (“A minha vida tem propósito e significado”) e a busca por sentido (“Estou à procura de algo que torne a minha vida significativa”). E sabe qual é a boa notícia? Não precisamos ter todas as respostas. O simples ato de procurar já é um sinal de saúde psicológica.

Quando falamos em propósito, muita gente imagina algo épico — escalar montanhas, salvar florestas, fundar ONGs. E tudo isso é bonito. Mas o propósito também pode morar em atitudes simples: ouvir com atenção, cuidar com carinho, fazer alguém rir. Especialmente rir.
O humor, quando usado com intenção positiva, aproxima, alivia tensões, cria pontes. É uma ferramenta poderosa para ampliar o bem-estar, fortalecer relações e, pasme, até aumentar o sentido de vida. Porque quando conseguimos rir — mesmo nos dias difíceis — é sinal de que há algo em nós que ainda vê luz. E isso… isso é propósito em ação.

Por isso, o convite é este:
Procure sentido, sim. Mas leve um pouco de humor na bagagem.
A caminhada fica mais leve. E, quem sabe, a resposta para “qual é o sentido da vida?” apareça numa gargalhada despretensiosa, no meio de uma segunda-feira qualquer.
Fábio Borges
