
O mês do amor… dos corações vermelhos … das coisas cor de rosa… dos sorrisos dos enamorados…
Ah espere… mas não está apaixonado? Não tem uma ‘cara-metade’ com quem andar nas nuvens de mão dada? Não se apoquente. Este mês dedicamos a nossa newsletter ao amor… romântico e não romântico. Queremos relembrar que existem vários tipos de amor e que nenhum é para desperdiçar quando é genuíno e bem-intencionado. Seja ele dirigido a si ou aos outros. Aconteça em contexto familiar, no local de trabalho ou na sua comunidade é amor e é isso que realmente importa…
Vamos refletir porque é tão importante o amor, senti-lo e partilhá-lo. É que este sentimento tão inspirador de histórias, canções e poemas é mesmo bom para a sua saúde e para a saúde dos outros. Falaremos nas mais variadas formas de o expressar e também de como encontrar as demonstrações de amor mais adequadas à sua forma de gostar. Ajudaremos a construir um dicionário de emoções – em ações praticas – e explicamos-lhe o porquê de ‘fazer o bem sem olhar a quem’ também ser um benefício para nós próprios.
Vamos então falar de amor.
Talvez não seja a primeira palavra lhe surja na quando está no seu local de trabalho, no trânsito ou no supermercado. Mas a verdade é que tem muito a ver com a forma como se relaciona consigo mesmo e com os outros.
Carol Ryff, psicóloga norte-americana desenvolveu entre 1989 e 1998 um modelo de bem-estar abrangendo vários eixos como o social, o pessoal, o psicológico e os comportamentos associados à saúde em geral. Uma das seis dimensões consideradas diz respeito aos relacionamentos positivos associados a vínculos baseados em satisfação, cordialidade e confiança. Implicam empatia mútua, intimidade e amor e presumem a capacidade saudável de dar e receber.
Sabe que tipos de amor existem? Ou o que é uma “linguagem do amor”?
Na Grécia Antiga, existiam diferentes palavras para designar amor, permitindo distinguir entre:
Eros (paixão sexual), Philia (amizade profunda), Ludus (amor lúdico), Ágape (amor para todos), Pragma (amor de longa data), Philautia (amor a si mesmo), Storge (amor de família)
Tempos mais tarde, a humanidade encontrou uma variante pouco saudável deste tipo de afecto, a Mania (amor obsessivo).

Em 1992, o psicólogo Gary Chapman escreveu o livro “The 5 Love Languages”, a partir da sua experiência no acompanhamento terapêutico a casais.
Chapman foi identificando padrões de comportamento e percebeu que, em muitos casos, existiam dificuldades de entendimento entre os elementos do casal quanto à perceção das necessidades afetivas um do outro. O essencial foi entender que as pessoas expressam amor de maneiras diferentes, mais concretamente através de cinco linguagens distintas.
O autor postula que é através destes cinco idiomas principais que expressamos amor e que nos sentimos amados, embora seja natural que possamos encontrar experiências mais significativas ao expressar-nos numa dessas línguas e o nosso parceiro possa encontrar mais significado noutros.
Facilitará se conseguir identificar como prefere ser amado, e também encontrar as melhores formas de demonstrar amor ao outro, através destas cinco linguagens:

Qual das diferentes expressões tem mais a ver com a sua maneira de ser? Qual ou quais são as mais espontâneas e naturais em si?
Há alguma linguagem que queira desenvolver ou aperfeiçoar? Reserve algum tempo para refletir sobre os seus relacionamentos.
No seu livro Amor 2.0 a psicóloga Bárbara Fredrickson descreve que fisicamente o amor é uma “confluência momentânea de três acontecimentos interligados”:
- uma partilha de uma ou mais emoções positivas entre si e outra pessoa;
- uma sincronia entre a bioquímica e os comportamentos seus e da outra pessoa;
- um motivo refletido para investir no bem-estar de cada um, o que traz cuidado mútuo.
Desde o grupo de amigos e da família até ao nosso local de férias favorito, passando pelo café do bairro e pelo trabalho, as nossas vidas estão repletas de tipos diferentes de amor.
Refletir sobre o amor pelos outros e o amor próprio, equacionar a compaixão e o saber apreciar revelam-se passos muito úteis no caminho para uma cultura positiva nas várias esferas relacionais onde nos movemos.
As cinco linguagens de apreciação são um construto também da autoria de Gary Chapman em colaboração com Paul White, a partir das cinco linguagens do amor já referidas para relacionamentos românticos.
Em ambiente laboral fala-se de apreciação e de contextos interpessoais com relações entre colegas de trabalho ou entre hierarquias.
As cinco linguagens de apreciação são atos de serviço, tempo de qualidade, palavras de afirmação, dons tangíveis e toque físico adequado. Cada uma delas pode ser usada para mostrar apreço no local de trabalho de maneiras diferentes, a saber:
- Os atos de serviço envolvem ajudar e apoiar colegas de maneiras práticas. Esses atos incluem auxiliar em tarefas, fornecer recursos ou oferecer orientação.
- Tempo de qualidade refere-se a gastar tempo dedicado e focado com os colegas. Por exemplo reuniões individuais, atividades de formação de equipa ou conversas significativas.
- As palavras de afirmação pressupõem expressar apreço através da comunicação verbal ou escrita. Pode envolver elogiar os colegas pelas conquistas, reconhecer o esforço ou fornecer incentivo como parte do feedback construtivo.
- Os presentes tangíveis variam de pequenos gestos a grandes recompensas. Essas ofertas podem incluir bônus, cartões-presente, mercadorias da empresa ou experiências.
- O toque físico adequado refere-se a formas não intrusivas de contacto. Estes incluem apertos de mão, choques de punho, high-fives, e a chamada ‘palmadinha nas costas’. Esta abordagem pode ser inadequada em alguns ambientes e não deve ser usada sem comunicação clara e consentimento.
Abrimos aqui um parêntesis: embora não acreditemos que comunicar encorajamento e apreciação através do toque físico seja fundamental na maioria das relações baseadas no trabalho, também não acreditamos que o local de trabalho deva tornar-se um ambiente completamente “sem toque”. Atos apropriados de expressão física são valorizados por muitos com quem interagimos diariamente e podem adicionar uma profundidade de calor às relações baseadas no trabalho.
No entanto, a adequação destas ações depende da pessoa, do tipo de relação de trabalho e da subcultura organizacional em que o comportamento ocorre. Algumas ações são boas para certos indivíduos, mas fariam com que outros se sentissem desconfortáveis. Esteja e seja atento.
Líderes e organizações podem usar qualquer combinação de linguagens de apreciação. Certifique-se de que essas exibições sejam justas, não discriminatórias e reflitam as formas como as pessoas preferem ser reconhecidos no trabalho.
E agora?
Agora que já tem mais conhecimento e talvez até novas palavras de uma nova linguagem está na hora de espalhar amor por aí.
Por fim, seja católico ou de outra confissão, praticante ou não, partilhamos consigo um poema em forma de oração pela mão dedicada do Cardeal José Tolentino de Mendonça.
Dedicamos este texto a todos os nossos amigos, com admiração e amizade profunda.

Vale a pena ainda ver os seguintes links:
Como as suas relações afetam a sua saúde:
https://greatergood.berkeley.edu/article/item/how_your_relationships_affect_your_health
Falar sobre amor próprio e por que isso também é importante:
https://www.ted.com/talks/dan_harris_the_benefits_of_not_being_a_jerk_to_yourself?subtitle=en
Referências
- Chapman, G. (2009). The Five Love Languages: How to Express Heartfelt Commitment to Your Mate. United States: Moody Publishers.
- Chapman, G., White, P. (2019). The 5 Languages of Appreciation in the Workplace: Empowering Organizations by Encouraging People. United States: Moody Publishers.
- Fredrickson, Ph.D., B. L. (2013). Love 2.0: Creating Happiness and Health in Moments of Connection. United States: Penguin Publishing Group.
- Ryff, C. D., & Keyes, C. L. M. (1995). The structure of psychological well-being revisited. Journal of Personality and Social Psychology, 69, 719-727. doi:10.1037/0022-3514.69.4.719